O Potencial do Mercado Brasileiro para a Linha Fitness Pós-Pandemia

O Potencial do Mercado Brasileiro para a Linha Fitness Pós-Pandemia

Marcelo V. Prado

Marcelo V. Prado

Sócio-diretor do IEMI – Inteligência de Mercado, e membro do Comitê Têxtil da FIESP.

A importância da linha fitness pós-pandemia é tão relevante que conta com canais dedicados no varejo físico, onde se encontram mais de 5 mil pontos de venda ativos, além de lojas de e-commerce especializadas.

Como bem sabemos, o Brasil conta com um extenso litoral, clima tropical, com temperaturas agradáveis quase o ano todo, na maior parte do seu território, atributos que o coloca como um dos países mais atrativos para a prática de todo o tipo de atividade esportiva e de lazer ao ar livre, em qualquer região do país.

Nas últimas décadas, mudanças no comportamento dos consumidores, a preocupação crescente com a saúde e o bem-estar, entre outras tantas motivações, tem levado uma parcela cada vez maior de brasileiros a praticar esportes, que hoje vão muito além da tradicional “peladinha” de final de semana, racha, baba, joguinho, filé…ou outra gíria qualquer, que você esteja habituado a utilizar ao se referir à uma partida de futebol entre amigos. Atividade essa que, juntamente com o consumo de camisas de times de futebol por torcedores apaixonados, sempre foi o grande impulsionador da venda de artigos esportivos e que por décadas orientaram as marcas do segmento, no Brasil.

Nas últimas décadas, porém, o país tem assistido a um grande e contínuo crescimento no número de praticantes de atividades físicas, estimulados com a chegada e a disseminação de um sem-número de novos esportes e atividades (bike, jiu-jitsu, beach tennis, entre outros, são só alguns dos exemplos), cada uma delas requerendo locais adequados, materiais próprios e profissionais especializados para a orientar os novos praticantes.

É notório no país, a expansão no número de locais dedicados à prática de esportes e que, para poderem operar, requerem cada vez mais profissionais de educação física, trazendo novas oportunidades de expansão ao mercado brasileiro de moda fitness e sportswear. Na esteira de uma verdadeira mudança cultural da população, que temos assistido o surgimento de tantas novas marcas de moda fitness e esportiva no país, ou o lançamento de linhas desse tipo de produto, por marcas já consolidadas no segmento, mesmo após um período tão desafiador como foram os últimos dois ou três anos de restrições por conta da pandemia.

Para ajudar a ilustrar o potencial que se apresenta para esse mercado, trago alguns números oferecidos pelo Panorama Setorial Fitness Brasil, que aborda o setor de academias e que não deixam dúvidas sobre a relevância desse tipo de atividade no país. De acordo com esse estudo, o Brasil conta hoje com quase 570 mil profissionais formados em educação física, enquanto outros 364 mil encontram-se matriculados nas mais de 11 mil faculdades que oferecem esse tipo de curso, para formar a mão de obra especializada para atender a demanda gerada pelas mais de 29 mil academias e centros de atividades físicas espalhados pelo Brasil, aqui incluídas as academias em geral, as escolas de esportes, clubes, condomínios, hotéis e spas. O Brasil posiciona em segundo lugar no mundo, em número de centros de atividades físicas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos (com 40 mil estabelecimentos).

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Esses centros atendem no país, a nada menos que 10,3 milhões de praticantes de esportes, o quarto maior contingente no planeta, atrás apenas de Estados Unidos (64,2 milhões), Alemanha (11,6 milhões) e Reino Unido (10,4 milhões). Ao todo, esses centros geram receitas anuais superiores a R$ 12 bilhões por ano, em taxas e mensalidades. Mesmo com números tão relevantes, o Brasil ainda conta com uma taxa baixa de praticantes frente ao total da sua população, indicando um potencial de crescimento futuro ainda mais expressivo para esse segmento.

Quando analisamos esses dados, é possível justificar a relevância e o potencial oferecido por esse mercado para o consumo de roupas fitness e esportivas no Brasil, que já hoje movimenta R$ 22,4 bilhões anuais, e uma produção de mais de 640 milhões de peças confeccionadas pela indústria local, considerando-se todo o mix do segmento (do calção às camisetas, dos tops e leggings, aos moletons e agasalhos de esporte), como bem demostra o estudo do Mercado Potencial de Moda Fitness e Esportiva do IEMI.

A importância desse segmento é tão relevante que conta com canais dedicados no varejo físico, onde se encontram mais de 5 mil pontos de venda ativos, além de lojas de e-commerce especializadas. Ainda assim, o maior cliente das marcas de moda fitness e esportiva, são as lojas de vestuário convencionais, com mais de 145 mil pontos de venda espalhados por todos os estados, muitas delas incorporando às linhas de produto comercializadas, artigos da linha fitness e esportiva a seus consumidores, independentemente se eles irão utilizá-los para prática de esportes ou apenas para desfrutar de uma roupa confortável, para uso casual.

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Conheça os estudos IEMI para o mercado têxtil e confeccionista.

Indicadores conjunturais

De acordo com os indicadores mensais de desempenho do mercado de vestuário, em junho de 2023, último dado disponível à época da edição dessa coluna, as indústrias do setor registraram um crescimento da produção da ordem de 6,5% em relação a maio de 2023.

Os dados mostram que a produção industrial do setor estava 8,8% menor do que a observada no mesmo período (janeiro a junho) de 2022. E nos últimos dozes meses, foi observado uma queda de 9,3%.

Os dados para as vendas do comércio varejista, em maio (junho ainda não estava disponível), também indicam um aumento de 15,0% no volume de peças comercializadas e de 15,4% em valores nominais (sem descontar a inflação), com vendas aquecidas pela data do dia das mães. No entanto, o volume de peças comercializadas até maio de 2023 foi 9,6% menor do que o registrado no mesmo período de 2022; enquanto esse indicador, quando mensurado em valores nominais, registrou um crescimento de 2,6% na comparação anual, em parte fruto da inflação registrada para essa linha de produto no ano de 2023 (+1,41%).

Pelo lado dos preços ao consumidor, segundo os dados disponibilizados pelo IPCA-IBGE, em junho de 2023, houve inflação no segmento de vestuário de 0,35%, frente a maio de 2023, enquanto no mesmo período a inflação geral no país foi de 1,41%. Quando se analisa a inflação do vestuário nos últimos 12 meses, porém, constata-se que ela está muito acima da inflação geral: 9,66% para as roupas, ante 3,16% no geral.

Com relação ao valor das importações, em junho de 2023, último dado disponível, registrou-se uma queda de 8,5% em comparação ao valor importado em maio de 2023, atingindo o montante de US$ 141,7 milhões no mês. No acumulado dos seis primeiros meses de 2023 houve crescimento de 28,6% no montante importado na comparação com o mesmo período de 2022, o que poderá impactar negativamente a demanda dos grandes varejistas para os produtores locais, ao longo desse ano.

As exportações brasileiras de vestuário, em junho de 2023, apresentaram queda de 15,4% frente ao resultado de maio de 2023, atingindo o patamar de US$ 15,2 milhões. No acumulado do ano, o montante exportado é 0,2% inferior ao observado no mesmo período de 2022.

Assinatura: Marcelo V. Prado é sócio-diretor do IEMI – Inteligência de Mercado ([email protected]), consultor de empresas, especialista em inteligência de mercado, diretor adjunto do Comitê Têxtil da FIESP e diretor de pesquisa da ABIESV.

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