Por Eleni Kronka
Jornalista, pesquisadora e editora de conteúdo.
Da pandemia para cá, o crescimento do e-commerce no segmento jeanswear, bem como para outros setores do vestuário, foi exponencial. Estudo do IEMI mostra que, nos últimos cinco anos, a distribuição da produção para o canal, aumentou 61%, impulsionando negócios.
O IEMI – Inteligência de Mercado lançou novo estudo detalhado sobre o segmento de jeanswear no Brasil. A pesquisa traz insights sobre a evolução deste mercado nos últimos cinco anos.
O estudo analisou, entre outros aspectos, a performance do varejo do setor entre 2019 e 2023, incluindo os impactos da pandemia. As pequenas lojas de rede continuaram a ser o principal canal de distribuição, embora tenham registrado uma queda de 20,7% no número de peças vendidas. Em 2019, estas lojas representavam 39,2% do volume de vendas, percentual que caiu para 37,8% em 2023. No entanto, em termos de faturamento, estes canais observaram um crescimento de 2,8%, aumentando sua participação de 37,6% em 2019 para 38,1% em 2023.
O levantamento destaca a predominância do varejo especializado entre os canais de vendas, responsável por 76,6% do volume de peças comercializadas e por 80,2% dos valores em reais. Estes pontos de venda incluem lojas de departamento especializadas em vestuário, pequenas redes e lojas independentes, que juntas desempenham um papel crucial na distribuição de jeanswear no país.
Canal e-commerce para a indústria jeans
Em 2023, o segmento de jeanswear alcançou a marca de 280 milhões de peças produzidas, gerando uma receita na indústria de R$ 14,7 bilhões.
Outro destaque do estudo foi o crescimento da distribuição da produção para o canal e-commerce, que aumentou em 10% em 2023 em relação a 2022 em volume de peças e em 60,7% nos últimos cinco anos. Este canal passou a representar 5,3% do total de peças distribuídas pela produção, e chegou a 3,9% do faturamento da produção.
Experiência multicanal
Ao frisar a importância de adoção bem planejada de diferentes canais de venda, o economista Marcelo Villin Prado, diretor do IEMI, comenta sobre perfis de empresas de vestuário. São empresas que almejam o crescimento, mas relutam em dar o passo da inovação, com relação, por exemplo, às vendas on-line.
“Não é raro vermos empresas de pequeno e médio porte almejando a expansão”, observa. “Já vi empresas de confecção, com faturamento de R$ 1 bilhão, com presença no Sudeste e Centro-Oeste, mas com 80% das vendas calcadas em lojas físicas, com a intermediação do representante”, comenta.
Segundo o executivo, o assessoramento da equipe do IEMI possibilitou que uma destas empresas de médio porte pudesse quebrar antigos paradigmas, visando à expansão. “O empresário que adota o e-commerce, por exemplo, de forma planejada pode triplicar o alcance da sua marca e de seus produtos. É o que temos visto ocorrer com vários clientes”.
Conheça os estudos IEMI para o mercado confeccionista no Brasil.
Este cliente, inicialmente cético quanto à eficácia do e-commerce, viu sua marca alcançar novos mercados, especialmente no Sudeste, e melhorar a atuação onde já havia presença física. Marcelo Prado destaca que esta mudança de paradigma não apenas ampliou a visibilidade da marca, mas também potencializou os resultados financeiros da empresa.
Para Prado, os empresários do setor de moda precisam estar atentos aos desafios que o mercado pós-pandemia apresenta. Ele alerta para fatores como as enchentes no Rio Grande do Sul, que devem impactar significativamente o consumo de roupas no estado, responsável por cerca de 7% do consumo nacional. Prado prevê uma queda de até 90% nas vendas nos próximos meses, com uma possível retomada gradativa e um movimento de consumo motivado por demanda reprimida. Além disso, estima-se uma redução de 0,5% a 1% no PIB, o que naturalmente afetará o setor de vestuário.
As informações detalhadas sobre o desempenho e as potencialidades do segmento jeanswear estão disponíveis no estudo “Mercado Potencial de Tecidos Índigo e Brim, Vestuário de Jeanswear no Brasil“, acessível no site do IEMI (iemi.com.br/vestuario). Os comentários de Marcelo Prado, apresentados durante a semana de lançamentos da Denim City SP, são essenciais para contextualizar os dados do estudo e entender as dinâmicas do mercado.
Este estudo do IEMI oferece uma visão abrangente e atualizada do segmento jeanswear no Brasil, evidenciando a importância da adaptação às novas tendências de consumo e os desafios que ainda precisam ser enfrentados para garantir um crescimento sustentável.
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