Por Eleni Kronka
Jornalista, pesquisadora e editora de conteúdo.
O item “conforto” ganhou protagonismo na escolha dos calçados, levando empresas a investirem em designs que unem moda e funcionalidade.
A indústria calçadista, no contexto da moda, lida com atributos ligados diretamente às tendências sazonais, à performance e ao conforto. Este item, aliás, é o que tem assumido forte protagonismo desde a pandemia.
De 2020 para cá, a escolha do consumidor – e também da consumidora – oscila entre a boa apresentação e o conforto para os pés. Cientes desta preferência, empresas investiram neste quesito, unindo com êxito a informação de moda às criações das linhas mais esportivas e descompromissadas.
A partir desta lógica, nota-se os calçados esportivos em posição relativamente mais confortável no que diz respeito ao desempenho nos negócios.
Performance em números
O Mercado Potencial de Calçados em Geral no Brasil, lançamento do IEMI – Inteligência de Mercado, traz números determinantes neste sentido. A pesquisa baseia-se em dados de negócios e de produção, tanto nacionais quanto globais, equalizados com a expertise do IEMI.
No caso do Brasil, se em 2019, a produção total de calçados foi de 973,2 milhões de pares, em 2023, o volume caiu para 854,1 milhões de pares, o que corresponde a queda de 12,2%. Segundo o time de especialistas do IEMI, a reação de queda foi verificada em todos os segmentos.
Insumos da produção
Plásticos e borrachas, em suas múltiplas variações, são os materiais mais utilizados na produção. A borracha participa principalmente da produção de chinelos e sandálias, sendo componente importante para as linhas de calçados do tipo casual e de verão. Juntos, o volume de calçados de plástico e borracha sofreram queda de 11% entre 2019 e 2023.
Os calçados feitos a partir de materiais do tipo laminado sintético caíram 11% no mesmo período.
Já na categoria dos produtos feitos com materiais têxteis e outros, o decréscimo foi de 21% entre 2019 e 2023.
A relevância do couro, como matéria-prima na produção do setor, manteve-se praticamente inalterada em 2023 quando comparada a 2019, com mais de 17%.
Conheça os estudos IEMI para o mercado de calçados no Brasil.
Comportamento de compra
A consultora de marketing e consumo de moda Ana Paula de Miranda recorda que a aquisição de calçados, como itens de moda, implica em “forte ligação afetiva”.
A especialista, autora de “Consumo de moda: A relação pessoa-objeto”, entre outros livros, explica que as pessoas consomem sapatos porque gostam, desejam, e permanecem com este acessório o tempo que for ideal para elas. “Diferentemente da roupa, que é deixada quando se engorda, o sapato não”.
Para Ana Paula, a famosa obsessão por sapatos – que acomete principalmente as mulheres… – tem a ver com o desejo de posse por algo quase “intangível”. “Pode haver modelos que não se adequam ao físico. Ou ainda, há questões culturais, até mesmo religiosas, que restringem a aquisição de alguns modelos de roupa. O consumo de sapatos, porém, não enfrenta restrições deste tipo”.
Para dados numéricos sobre o desempenho do mercado calçadista, acesse o Estudo Mercado Potencial de Calçados em Geral no Brasil e o site iemi.com.br/calçados.
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