Por Eleni Kronka
Jornalista, pesquisadora e editora de conteúdo.
O consumo de malha na indústria segue as diretrizes estéticas da moda e a demanda do mercado. Mesmo com registro de queda, o uso da malha mantém-se superior ao dos tecidos planos, até mesmo na temporada de inverno.
Nos últimos três anos, a moda ganhou muita flexibilidade, dada pelas formas amplas e pelos tecidos maleáveis. O conforto entrou de vez no guarda-roupa, para compensar a austeridade que vivemos durante a pandemia.
O processo de flexibilização no dia a dia se consolidou. E mesmo que o home office ainda esteja valendo para alguns profissionais, a palavra de ordem é sair para trabalhar! Mas agora dificilmente abriremos mão do conforto conquistado no vestir.
O conforto da malha nas criações
As marcas entenderam a mensagem e privilegiam a liberdade de movimentos em todas as coleções. Neste quesito, as malhas surgem como boa alternativa para a construção de modelos para qualquer momento do dia.
Da meia-malha ao jérsei, passando por outras versões mais encorpadas, todas são ideais para dias mais frios. Piquê, liganete, helanca, Dry Fit, tule, plush, moleton, crepe, interlock… A lista é longa e é sinônimo de tecnologia avançada para cada um dos itens.
A consultora de moda e estilo Sandra Falci observa que os avanços tecnológicos atendem à estética e ao aspecto do aconchego que a roupa deve oferecer. “A máquina circular, usada na produção da malha, confere aos artigos a maleabilidade que o tecido plano não tem”, explica.
Além disso, a consultora lembra que, para a confecção, o uso das malhas representa um ganho na produção. “Enquanto os modelos feitos de tecidos planos seguem a numeração de 40 a 46, por exemplo, na malharia o padrão de medidas é o P, M, G, pois a peça de malha adapta-se à silhueta”.
A estética é outro item em que a malha alcança boa pontuação. “Há inúmeras possibilidades de intervir na construção destes artigos: pelos pontos escolhidos, pela combinação de fios (lisos ou fantasia), pelos acabamentos”. Sandra Falci acrescenta que, no acabamento, seja pela técnica de foil, seja por transfer ou ainda pela aplicação de paetês, o brilho marca presença nesta temporada, somado à elasticidade das peças.
Conheça os estudos IEMI para o mercado de vestuário.
A malharia nas estatísticas da moda (número de peças fabricadas com tecidos de malha)
A versatilidade dos tecidos de malha faz com que estes artigos marquem presença nas passarelas, vitrines e coleções. Para a indústria de vestuário brasileira, a malha tem especial importância, conforme mostra o IEMI, por meio do Estudo do Mercado Potencial de Vestuário, Meias e Acessórios 2023.
Em 2022, do total de peças produzidas pelo setor de vestuário – incluindo roupas, meias e acessórios –, 67,1% foram confeccionados com tecidos de malha. Apenas 32,9% foram fabricados com tecidos planos. Segundo o levantamento do IEMI, esta proporção mantém-se praticamente inalterada desde 2018.
A preferência pela malha fica ainda mais evidente quando considerada a produção de vestuário para o inverno. O estudo mostra que na confecção de roupas de proteção para o frio (casacos, jaquetas, moletom, suéteres, xales, echarpes, por exemplo, incluindo artigos de malha retilínea e circular), 93% do total foi fabricado a partir da malha. Os restantes 7% correspondem às peças em tecidos planos.
Demanda direciona consumo de malha pela indústria (número de toneladas de tecidos consumidos na produção)
Os números notáveis da indústria brasileira de vestuário mostram em detalhe a relação do uso da malha e do tecido plano em toneladas.
Quando considerada a indústria de vestuário, meias e acessórios como um todo, o consumo de tecidos (entre malhas e tecidos planos) foi de 932,5 mil toneladas em 2022. Este total mostra uma queda de 5,6% em comparação a 2021. O resultado alcançado em 2022 foi o menor em cinco anos, já que a redução foi de 11,9% diante do resultado de 2018.
Em 2022, a produção nacional de artigos do vestuário, meias e acessórios, por sua vez, consumiu 59,4% de tecidos planos e 40,6% de tecidos de malha (em toneladas). Proporção que também se manteve praticamente estável ao longo dos últimos cinco anos.
Analisando este relevante indicador na indústria (toneladas), é importante destacar a natureza dada aos tecidos de malha, que embora tenham maior participação na fabricação de peças, são usados em artigos consideravelmente mais leves em relação aos produtos de tecidos planos, que se destacam mais no número de toneladas na indústria confeccionista.
Quer saber mais sobre este importante segmento da indústria de vestuário e obter dados para decisões estratégicas para os negócios da temporada? Acesse o Estudo do Mercado Potencial de Vestuário, Meias e Acessórios 2023 e o site iemi.com.br/vestuário.