Varejo vê recuperação em vendas e consolidação

Após os resultados fracos do varejo de moda no período da Copa do Mundo da Fifa, representantes do setor esperam melhora em vendas neste fim de ano em relação ao desempenho do primeiro semestre. O Indicador Serasa Experian mostrou avanço de 0,9% no varejo de tecidos, vestuário, calçados e acessórios em setembro frente a agosto. No acumulado de nove meses, o setor cresceu 0,7%. As notícias recentes de fusões também trouxeram fôlego novo ao setor.

O Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI) projeta para o ano um crescimento de 1,5% a 2% no varejo de moda, com uma pequena aceleração nas vendas neste quarto trimestre. A estimativa é menor que a previsão feita no início do ano, de 3,4%. Em 2013, o varejo de moda cresceu 8,7%, para R$ 172 bilhões. “Não é um crescimento expressivo, mas a Copa do Mundo derrubou muito as vendas”, disse Marcelo Prado, diretor-sócio do IEMI. Ele ponderou ainda que a recuperação em vendas no fim do ano não será uma realidade para todas as redes varejistas.

Sidnei Abreu, diretor executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), disse que as varejistas de moda estão otimistas em relação ao segundo semestre. A entidade não faz projeção de vendas. “Depois da Copa e do primeiro turno das eleições, o varejo passou a ter um ritmo mais acelerado e a expectativa é de um avanço nas vendas com as promoções de fim de ano e Black Friday [dia promocional do varejo no fim de novembro]”, disse Abreu.

Tanto a Abvtex quanto o IEMI consideram que o cenário atual de restrição ao crédito dificulta as vendas de produtos de alto valor agregado, como linha branca, eletrodomésticos e eletroeletrônicos, mas não tem grande impacto nas vendas de roupas e acessórios, devido ao tíquete médio baixo por compra (da ordem de R$ 150). “Nos últimos anos, os brasileiros trocaram TV, carro, compraram casa. Neste ano, teremos a oportunidade de um Natal forte para roupas e acessórios”, disse Abreu.

Para Marcelo Prado, do IEMI, as companhias que se capitalizaram e participaram de processos de fusões e aquisições tendem a apresentar melhores resultados nos próximos meses. Na lista estão a Restoque, dona da Le Lis Blanc, que anunciou este mês a incorporação da Dudalina; e a Renner, que embora não tenha feito aquisição recente, tem os melhores indicadores de desempenho do setor entre as companhias de capital aberto.

Entre as varejistas de moda de capital aberto – Alpargatas, Grendene, Cia. Hering, Lojas Marisa, Guararapes (Riachuelo), Renner, Restoque (Le Lis Blanc), Teka e Karsten – só Renner e Restoque se valorizaram na BM&FBovespa no ano. Até o fechamento de ontem, as ações da Renner acumulavam alta de 24,21% e da Restoque, de 41,67%. Em relação ao pagamento de dividendos e juros sobre capital pagos no primeiro semestre, a Grendene ofereceu maior ganho aos acionistas, de R$ 164,5 milhões, seguido por Renner (R$ 160,8 milhões) e Guararapes (R$ 101,2 milhões).

A Restoque não distribuiu dividendos e juros sobre capital próprio no primeiro semestre, mas tende a se beneficiar no futuro com redução do endividamento líquido e melhora na rentabilidade com sinergias. O BTG Pactual calcula que o lucro por ação da empresa subirá de R$ 0,12 para R$ 0,43 este ano com a incorporação.

Para o diretor do IEMI, os ganhos no setor não ficarão restritos a essas empresas. “Existe uma consolidação em andamento. Vamos ver muito movimento neste sentido daqui para frente, principalmente de redes regionais que buscam se nacionalizar”, disse.

Um exemplo é a Leader, controlada pelo BTG Pactual, que prepara uma emissão de R$ 500 milhões em debêntures para financiar a compra da Seller, de Campinas (SP). Outro caso recente é a negociação da rede Avenida, conhecida como a “C&A do Centro-Oeste”. O grupo opera 113 lojas em 13 Estados e faturou R$ 520 milhões em 2013. A rede vendeu 25% de suas ações, em março, para o fundo Kinea, do Itaú, por R$ 250 milhões, e tem planos para abrir capital.

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