Por Eleni Kronka
Jornalista, pesquisadora e editora de conteúdo.
Cidades que concentram maior poder aquisitivo respondem também por maior volume de vendas, com destaque para lojas especializadas e independentes, integrando em grande parte o comércio de rua.
O Brasil de dimensões continentais, com regionalismos culturais, apresenta também peculiaridades que podem e devem ser levadas em conta na elaboração do planejamento estratégico de um negócio. Este é o caso do segmento de calçados que, no que se refere ao varejo, é caracterizado pela pulverização de lojas, pelo consumo concentrado nas classes de maior poder aquisitivo e tem contado cada vez mais com as vendas on-line.
Estes e outros dados específicos de vendas ao consumidor final fazem parte do Estudo dos Canais do Varejo de Calçados, publicado pelo IEMI – Inteligência de Mercado. A pesquisa traça um dimensionamento do varejo de calçados no Brasil e analisa comparativamente a importância relativa e o desempenho dos principais canais de venda de cinco anos, isto é, de 2017 a 2021.
O estudo aponta que, ao ser concluído em 2021, o Brasil, em todo o seu território, contabilizava nada menos que 36 mil pontos de vendas, entre especializados e não especializados. Deste total, pelo menos 80% é constituído por lojas de rua.
São as regiões Sudeste e Nordeste que representam o maior percentual de consumo de calçados do País, tendo São Paulo como maior centro consumidor, seguido pelo Rio de Janeiro.
Conheça os estudos IEMI para o mercado de calçados.
Vale lembrar que o período de cinco anos compreendido pelo levantamento acusa o fechamento de pelo menos 3 mil locais de venda. Mas, se o número de lojas diminuiu, o varejo de calçados apresentou um aumento de 3% no número de pares comercializados, perfazendo alta de 7% em valores comercializados sobre 2020.
Ainda no que se refere às vendas ao consumidor final, em 2021 foi alcançada a marca de 774 milhões de pares, o que corresponde a aproximadamente R$ 52 bilhões de faturamento. Quanto aos valores de compra, o brasileiro desembolsou, em média, R$ 68,00 por um novo par de sapatos.
Ainda que as importações tenham impacto sobre a indústria calçadista, em 2021 a presença do produto de fora não representou mais do que 3%.
Distribuição
As lojas independentes, especializadas em calçados, com área que chega até 130 m2, apresentaram-se com significativo canal de vendas para o setor, mostrando-se muito eficazes no escoamento, primeiramente, de modelos femininos, seguidos pelas linhas esportivas. O período de 2017 a 2021 foi, no entanto, de retração, tendo como principal fator a queda nas vendas dos artigos destinados ao público masculino adulto.
O segmento que alavanca vendas é o feminino adulto, com mais da metade do movimento do varejo, independentemente da região. Na segunda posição aparecem as linhas de calçados masculinos, com um quarto de todo o volume comercializado. Mas, em termos de volume de pares, é o infantil-bebê que tem maior representatividade em vendas.
Mais informações estão disponíveis no Estudo dos Canais do Varejo de Calçados 2022 e no site do IEMI (iemi.com.br/calcados).