Em entrevista exclusiva ao portal eMobile, o diretor do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI), Marcelo Prado, avalia o movimento e oportunidades dos novos polos moveleiros brasileiros, localizados nos estados do Acre, Alagoas, Bahia e Pernambuco.
Marcelo explica que não tem os indicadores individualizados para estes polos, mas, até onde pode se embasar, comenta sobre as necessidades e oportunidades existentes nessas regiões.
“A maioria desses polos oferecem dificuldades de toda sorte, principalmente em relação ao suprimento de matérias-primas, insumos (peças de reposição, componentes, etc.) e energia, além da baixa qualificação da mão de obra e limitada infraestrutura logística para distribuição. Em compensação, os salários são menores, assim como os benefícios negociados com os sindicatos locais – quando há. Pesam a favor, a isenção de impostos e a proximidade de mercados em recente expansão, menos concorridos e ávidos por uma oferta mais variada de produtos e marcas. O problema é que não são todos os estados do NO/NE que oferecem mercados consumidores relevantes, o que obrigaria a empresa a vender para mercados mais distantes e, aí, os incentivos podem não compensar o ônus da logística”, explica Prado.
O diretor observa um movimento de indústrias migrando para esses Estados. “Mas, apenas para as regiões com maior potencial de consumidores ou com canais de varejo mais estruturados para o produto. Alguns se mostram atraentes em relação a oferta de matérias-primas básicas, como madeira reflorestada ou certificada, mas estes, sem um mercado consumidor relevante, não serão os mais bem-sucedidos”, aponta.
Ao ser questionado sobre a saturação dos polos já consolidados e existentes, Prado é enfático. “Não creio em saturação de polos. Acredito sim, em um excesso de oferta de produtos muito similares nos polos, comprometendo a margem das empresas menos representativas. A tendência nos polos é as empresas menores copiarem os produtos das empresas maiores e mais inovadoras, mas isso, hoje em dia, não lhes garantirá margem suficiente para investir no crescimento.”
Para alavancar estes novos polos, eventos e feiras do setor são muito bem-vindos. “Com certeza são importantes para promover os polos e dar chance para os menores aparecerem para o mercado”, complementa Prado.
Pontos a serem considerados pelas empresas que pretendem se instalar nestes polos:
“Tem que colocar na ponta do lápis, de um lado, os custos de produção, dificuldades de suprimento, eficiência produtiva, logística, gestão de uma unidade produtiva distante da matriz, dentre outros, contra, de outro lado, baixos custos de impostos, salários e benefícios, e oportunidades oferecidas pelos mercados próximos. Posso adiantar que, em geral, esta conta nunca traz um resultado claro sobre se vale ou não vale a pena investir nessas regiões e, no fim, a decisão dependerá muito da visão estratégica do empresário”, finaliza.
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